A Mensagem do último domingo foi sobre o significado da
submissão no casamento. Eu não tive tempo para esta ilustração final. Portanto,
considere isto como uma aplicação ao final daquela mensagem. O ponto é que o
papel de submissão de minha mãe em relação ao meu pai não era devido a
competências menores. Era devido à natureza da masculinidade e feminilidade
dadas por Deus, e em como ela é planejada no casamento para demonstrar o
relacionamento de aliança entre Cristo e a igreja.
Eu cresci em um lar onde meu pai ficava ausente por cerca de
dois terços de cada ano. Ele era um evangelista. Ele coordenava cerca de vinte
e cinco cruzadas por ano, variando de uma a três semanas de duração cada. Ele
saía no sábado, ficando fora entre uma a três semanas, e voltava na
segunda-feira à tarde. Fui centenas de vezes ao aeroporto de Greenville. E
algumas das memórias mais ternas da minha infância são o sorriso no rosto de
meu pai quando ele saía do avião, descia as escadas e quase corria pela pista
para me abraçar e beijar (não havia corredores suspensos naquele tempo).
Isto significava que minha irmã e eu éramos criados e
treinados principalmente pela minha mãe. Ela me ensinou quase tudo de prático
que eu sei. Ela me ensinou a cortar a grama sem deixar montinhos, e a usar o
talão de cheques, e a andar de bicicleta, e a dirigir, e fazer minhas notas
para um discurso, e a arrumar a mesa com o garfo no lugar correto, e a fazer
panquecas (era para notar quando as bolhas se formavam nas bordas). Ela pagava
as contas, fazia consertos, limpava a casa, cozinhava, me ajudava com minha
lição de casa, nos levava à igreja, nos guiava nas devocionais. Ela era
superintendente do departamento juvenil da igreja, líder do clube comunitário,
e uma incansável benfeitora para muitas pessoas.
Ela era incrivelmente forte em sua solidão. O começo dos
anos sessenta eram os dias em que os diretos civis vieram à tona em Greenville,
na Carolina do Sul. A igreja votou, numa quarta-feira à noite, não permitir que
os negros prestassem culto na igreja. Quando os votos foram colhidos, ela
permaneceu em oposição, como me recordo, completamente sozinha. E quando minha
irmã se casou na igreja em 1963, e uma pessoa da recepção tentou acomodar
alguns amigos negros de nossa família isolados na galeria, minha mãe,
indignada, desceu do altar e ela mesma os trouxe para o salão principal
juntamente com todos.
Eu nunca conheci alguém como Ruth Piper. Ela me parecia
totalmente competente, e transbordante de amor e energia. Mas eis o meu ponto. Quando meu pai vinha para casa, minha
mãe tinha a extraordinária habilidade, sabedoria bíblica e humildade de
honrá-lo como o cabeça do lar. Ela era, no melhor sentido da palavra, submissa
a ele. Era algo maravilhoso de assistir semana após semana, conforme meu pai ia
e vinha. Ele partia, e minha mãe comandava a casa com mão firme, competente e
amorosa. Ele voltava, e minha mãe se submetia à sua liderança.
Quando ele estava em casa, era ele quem orava antes das
refeições. Era ele quem dirigia as devocionais. Era ele quem nos levava à
igreja, e nos vigiava nos bancos, e respondia às nossas perguntas. Meu medo
pela desobediência mudava da ira da minha mãe para a do meu pai, pois nisso,
também, ele tomava a frente.
Mas eu nunca vi meu pai atacar minha mãe ou humilhá-la de
forma nenhuma. Eles cantavam juntos, riam juntos e se uniam para atualizarem-se
mutuamente sobre o estado da família. Foi um presente de Deus que eu jamais
poderia pagar ou merecer.
E eis o que eu aprendi — uma verdade bíblica antes mesmo que
eu soubesse que estava na Bíblia. Não há relação entre submissão e
incompetência. Existe esta liderança masculina que não rebaixa a esposa. Existe
esta submissão que não é fraca, ou tola, ou manipuladora.
Isto nunca tinha passado pela minha cabeça até que comecei a
ouvir a retórica feminista no final dos anos sessenta, de que este belo arranjo
no meu lar era, de alguma forma, devido à inferioridade de alguém. Não era. Era
devido a isto: meu pai e minha mãe colocavam sua esperança em Deus e criam que
a obediência à sua palavra criaria a melhor família possível — como, de fato,
criou. Portanto, eu vos exorto com todo o meu coração, considere estas coisas
com grande seriedade, e não deixe o mundo conformá-lo em seu molde.
Fonte: John
Piper, via Desiring God